Para a grande maioria das pessoas, falar de criptomoedas é sinônimo de investimento. Porém, muitos se esquecem que as moedas digitais são, antes de qualquer coisa, uma revolução tecnológica do setor financeiro. A novidade não só permite transações baratas, rápidas e universais, como em alguns casos oferece ainda um ambiente descentralizado e livre de controles externos que possam prejudicar o mote tecnológico de determinado ativo. Na luta pelo topo do reinado, o Bitcoin (BTC) ainda é a criptomoeda mais valiosa em valor de mercado. Porém, o Ethereum (ETH) segue na cola e aposta que, após a atualização “The Merge” – a fusão -, a proposta de seu blockchain se torne ainda mais eficaz e receba novos adeptos da plataforma.
Como funciona o Ethereum?
O Bitcoin foi lançado ao público em 2010 com a ideia de ser oferecer um ambiente de transações de valores, a partir de uma moeda digital descentralizada, democrática e universal para que nenhum governo, autoridade ou empresa pudesse controlar suas ações e modificações. A partir daí, milhares de novas moedas digitais passaram a ser desenvolvidas, como o Ethereum. Porém, o projeto de Vitalik Buterin conseguiu ampliar ainda mais a tecnologia blockchain, expandindo funcionalidades além da transferência de valores do Bitcoin.
Com o blockchain do Ethereum, os usuários passaram a contar com possibilidades de smart contracts, geração de NFTs e as famosas finanças descentralizadas (DeFis). Tudo isso graças a uma série de protocolos e regras estipuladas dentro do próprio blockchain do ETH. Ao contrário do BTC, portanto, o Ethereum consegue com menor esforço e custo, oferecer esses serviços extras de forma bastante eficaz e acessível.
O que é o The Merge do Ethereum?
As atualizações de softwares são processos extremamente importantes. São elas que mantém o software funcionando ao longo do tempo, assim como cria novas camadas de segurança para possíveis invasores ou brechas. Além disso, é a partir desse processo em que novas funcionalidades são adicionadas ao programa. O “The Merge”, portanto, é uma atualização específica para o blockchain do Ethereum.
A proposta para as mudanças na plataforma vieram em agosto de 2021, quando ocorreu o London Hardfork Upgrade, conhecido também como EIP-1559 – Ethereum Improvement Proposal – (Proposta de Melhoria Ethereum, em português). Neste documento, foram listadas as novas propostas e modificações que a rede passaria com a atualização The Merge. Um ano depois, em 15 de setembro de 2022, o procedimento foi concluído.
Especificações do The Merge
Assim como em qualquer atualização, é gerado um “patch notes” ou “notas de atualização”. São nelas em que os desenvolvedores mostram quais foram as modificações realizadas no software para que nenhum usuário seja pego de surpresa pela remoção de alguma funcionalidade ou até mesmo não usufrua de uma nova opção do programa.
Ao falar sobre o Ethereum, as especificações do “The Merge” foram listadas anteriormente a sua aplicação, já que dependia de uma espécie de votação entre os operadores já ativos no blockchain. Com a atualização agora consolidada, vale dar uma olhada nas principais mudanças realizadas na plataforma.
Redução de preços nas transações
Para se realizar uma transação dentro do blockchain do Ethereum, o usuário precisa pagar uma taxa. Essa tarifa, porém, não apresentava um valor específico, permitindo que quem está enviando ETHs pela rede adicionasse uma taxa menor ou maior a depender da pressa para que sua transferência fosse validada pelos operadores.
A partir do “The Merge”, os usuários agora vão encontrar uma taxa base menor para as transações. Entretanto, essa tarifa será dinâmica a depender do fluxo de informações a serem enviadas e quão cheio o bloco já estará no momento da solicitação da operação. Com isso, será possível administrar melhor o pagamento das taxas, buscando momentos onde o custo será ainda menor.
Escalabilidade
Completamente vinculada à tarifa paga por transferência, a escalabilidade é um dos grandes responsáveis pela redução no custo das transações. Um blockchain lotado e com muitas transações sendo feitas pode levar a um congestionamento de informações. Isso faz com que os validadores cobrem mais caro para realizar as operações. Em um comparativo, é semelhante ao preço dinâmico do Uber, em que o valor da corrida sobe, conforme o fluxo de pedidos aumenta.
Antes da atualização, o Ethereum conseguia lidar com 30 transações por segundo. Em uma plataforma usada mundialmente para contratos inteligentes, geração de NFTs, DeFis e movimentações de moedas, esse limite gerava gargalos constantes na rede. Agora, com o “The Merge” e a implementação das Shared Chains – um subdivisão da rede principal -, o processamento de informações deve saltar simplesmente para 100 mil transações por segundo.
Algoritmo de consenso
Uma das principais mudanças realizada pelo “The Merge”, o algoritmo de consenso é a metodologia usada por um blockchain para a validação das transações e sua segurança.
Até setembro deste ano, o Ethereum usava o mesmo método que o Bitcoin, chamado de Proof of Work (PoW). Isso quer dizer que computadores específicos e especializados para mineração de criptomoedas trabalhavam 24 horas por dia, sete dias por semana, analisando dados criptografados. Aqui, é preciso que as máquinas realizem uma série de complexos cálculos matemáticos até encontrar a solução para a criptografia e, então, validar uma transferência.
Com o “The Merge”, este algoritmo de consenso foi alterado no Ethereum para o modelo Proof os Stakes (PoS). Agora, os mineradores se tornam validadores. Não é mais necessário supercomputadores para analisar os pedidos de transferências. Agora, cada operador da rede deve colocar como garantia uma quantia de 32 ETHs. Este montante fica “travado” no blockchain e, em caso de tentativa de validar uma informação falsa, a rede confisca e redistribui esses Ethereums aos outros operadores.
Dentro desta mudança do “The Merge”, o gasto de energia elétrica já foi reduzido, e a emissão de dióxido de carbono na atmosfera caiu em 99,9%, segundo o criador da criptomoeda, Vitalik Buterin.
Redução de oferta
Com o novo algoritmo de consenso Proof os Stakes, a geração de novos Ethereums será mais difícil para os operadores, limitando a oferta do token no mercado. Ao mesmo tempo, o “The Merge” traz o chamado burn ou processo de queima de criptomoedas excedentes ou resquícios de transações passadas.
Especialistas estimam que a quantidade de Ethereum emitido já caiu em 90%, podendo levar a uma redução de 5% ao ano da oferta da criptomoeda.
As atualizações são processos importantes para a manutenção e segurança de uma criptomoedas. Para os investidores, esses eventos também são importantes, já que uma atualização bem sucedida e bons protocolos podem levar a uma valorização e confiança sobre o token. O contrário também é verdadeiro, com moedas simplesmente morrendo após uma implementação mal feita. Por isso, seja você um investidor ou amante da tecnologia, acompanhar esses processos te manterá sempre atualizado diante de seu ativo ou interesse!