No sistema financeiro tradicional, para que uma transferência entre contas bancárias seja confirmada, é preciso que um sistema centralizado analise as informações do destinatário e do recebedor, assim como os saldos disponíveis. Com tudo em ordem, o banco libera a movimentação. No caso das criptomoedas, embora opere por meio de um sistema descentralizado, a verificação – ou mineração – é um processo básico para a validação de transações dos tokens. Enquanto os bancos estão se apoiando no PIX para acelerar essas operações, os blockchains das criptomoedas, há anos, estão implementando atualizações seguidas para manter e melhorar a segurança e velocidade de sua rede, assim como reduzir custos. Assim como o Bitcoin, que há anos vem se reinventando, o Ethereum também está colocando novas mudanças no radar… de “London” a “Altair” e, agora, a recente “Arrow Glacier”. Mas o que isso muda para o nosso querido ETH?
Uma história atualizações
Praticamente todos os dias, seu antivírus e sistema operacional do computador realizam alguma atualização, assim como um aplicativo do smartphone. Essas inserções de funcionalidades não só melhoram a experiência do usuário, como também resolvem bugs e outros problemas de segurança.
Em 2017, por exemplo, o Bitcoin instalou, em seu código, o Segregated Witness – ou Segwit. A nova tecnologia, basicamente, permitiu separar as assinaturas das transações dos blocos, permitindo que mais transações fossem adicionadas ao mesmo bloco. Isso tornou a rede muito mais escalável. Recentemente, o Taproot foi adicionado, trazendo mais segurança, anonimidade e redução de custos das transações.
Ethereum também em expansão
Uma das grandes críticas ao Bitcoin – mesmo que bastante contestáveis – é o seu consumo de energia elétrica. Elon Musk, CEO da Tesla, talvez tenha sido o que mais fez barulho sobre o assunto. Basicamente, a mineração da criptomoeda ocorrer por um protocolo computacional chamado de Proof of Work (PoW), que, por meio de uma resolução matemática, analisa as transações e escreve o bloco no blockchain. O minerador que primeiro conseguir terminar a mineração, recebe a recompensa atual de 6,25 BTCs. Dentro desse ambiente competitivo, são necessários computadores de alto poder processual, acarretando grande gasto de eletricidade.
O Ethereum, a segunda criptomoeda mais consolidada do mundo, também opera via Proof of Work. Porém, esse blockchain opera não só a com transação de valores, como o Bitcoin, mas também com smart contracts e NFTs. O método, neste caso, já não está se mostrando o mais interessante. Por isso, a equipe de desenvolvedores está lançando a atualização Ethereum 2.0, que, entre várias mudanças que já ocorreram e ainda acontecerão, vai culminar na mudança do protocolo Proof of Work para Proof os Stake (PoS). Esta nova metodologia não exige mais máquinas extremamente potentes para a validação das transações, mas, sim, uma aposta (stake) do minerador para bancar a verificação.
O caminho do Ethereum 2.0
Em agosto deste ano, o Ethereum lançou uma primeira parte de sua atualização, a “London”. Entre as várias mudanças oferecidas, o código conseguiu permitir uma redução considerável das taxas cobradas na rede durante as transações, assim como a abriu a possibilidade de tornar a criptomoeda deflacionária.
Apenas dois meses depois, o Ethereum deu mais um passo em direção à sua versão 2.0, implementando a atualização “Altair”. Esta modificação foi feita na Beacon Chain, uma espécie de camada secundária dos validadores da rede Ethereum. Resumidamente, o “Altair” adicionou um suporte de segurança aos mineradores de poucos recursos, e penalidades aos computadores que ficam offline por muito tempo, evitando engasgo no blockchain.
Ethereum Arrow Glacier
No finalzinho de dezembro de 2021, o Ethereum está caminhando para o lançamento de mais uma atualização: a “Arrow Glacier”. Esta alteração também é focada para os validadores da rede, mas terá vida curta, funcionando como uma espécie de ponte entre a mudança do protocolo Proof of Work para Proof of Stake.
Conforme o número de transações no Ethereum e seus respectivos mineradores aumenta ou diminui, a rede se ajusta automaticamente para deixar os cálculos matemáticos mais difíceis os mais fáceis. Isso dá fluidez e evita que transações fiquem extremamente caras ou muito tempo na fila. Da mesma forma, mantém a operação dos mineradores ainda lucrativa.
Como a finalização da implementação do Ethereum 2.0 ainda não tem uma data específica para ser concluída, os desenvolvedores decidiram dar um fôlego para os mineradores antes da mudança. A “Arrow Glacier” vem para atrasar o que eles chamam de “bomba de dificuldade”. Basicamente, essa “bomba” tornaria a mineração extremamente difícil, congelando a rede.
Porém, as ondas da explosão não devem seguir por muito tempo, já que com a mudança para o protocolo Proof of Stake, a mineração não será mais um método válido de verificação de transações na rede do Ethereum.
Sempre que ocorre alguma atualização dentro do blockchain de uma criptomoeda, detentores e investidores de suas respectivas moedas olham atentamente para as mudanças, pois elas costumam acarretar não só em melhorias de funcionamento e segurança, mas também impactar no preço do ativo.