A tecnologia disruptiva das criptomoedas e do blockchain foi vista, durante muito tempo, como algo a ser evitado e uma ameaça a governos e bancos tradicionais. Porém, ao conhecer melhor sobre essa classe de ativos, os Bancos Centrais começaram a olhar de forma diferente ao setor cripto, buscando maneiras de incorporar essa tecnologia, sem necessariamente perder seu controle.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), um estudo da Atlantic Council mostra que 114 países – responsáveis por mais de 95% do PIB global – estão dando seus primeiros passos no desenvolvimento de uma CBDC (Central Bank Digital Currency). Atualizado no final do ano passado, o CBDC Tracker aponta que existem 11 países com uma criptomoedas própria, com destaque para China.
O mais recente participante deste clube, agora, somos nós! O Brasil está caminhando rapidamente para iniciar a fase de testes e, enfim, lançar o Real Digital!
Criptomoedas não são CBDCs
Criptomoedas, como bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e Cardano (ADA), possuem seu valor atrelado ao método de validação das transações. No caso do BTC, seu valor não só está atribuído à oferta e demanda do mercado, mas ao quanto que os mineradores gastam de energia elétrica e computacional para verificar as movimentações da rede e minerar bitcoins.
Há uma categoria secundária, chamada de stablecoins, em que esses ativos possuem seu lastro em uma paridade com alguma commodity ou moeda fiduciária. Um bom exemplo disso é o Tether (USDT). Essa criptomoeda tem um valor quase 100% aproximado de 1 para 1 (1:1) com o dólar norte-americano. Para isso, é preciso que a empresa responsável pela emissão da stablecoin tenha 1 dólar na reserva – em dinheiro ou títulos – para 1 unidade da moeda digital. A variação observada no mercado deste tipo de moeda está na flutuação do câmbio e possíveis spreads de diferentes corretoras. Mas, de modo geral, o valor é pouco volátil.
Então, o que é a CBDC que forma o Real Digital?
Uma Central Bank Digital Currency é o que chamamos de smart contracts. Esses contratos inteligentes são inseridos em um token, que pode ser comparado a uma criptomoeda, pois está presente em um blockchain.
Entretanto, em vez de um valor atribuído a ela por conta da metodologia de emissão ou a presença de mesmo valor em uma reserva financeira, ela é composta por um código que garante sua paridade 100% com a moeda fiduciária local.
Além disso, há uma regulamentação governamental e um Banco Central por trás de sua emissão, dando mais “força” ao projeto e permitindo que essa unidade digital seja utilizada como uma moeda física.
O que é o Real Digital?
Com a crescente digitalização no uso do dinheiro por aqui, o Banco Central brasileiro (BACEN) decidiu acelerar o ritmo no desenvolvimento de sua CBDC. O objetivo é que este token se torne uma extensão do dinheiro físico que normalmente utilizamos.
Para isso, o BACEN desenvolveu um smart contract que garante o Real Digital com o mesmo valor e permissões de uso que a moeda física tradicional. Assim, 1 Real Digital possui o mesmo valor que um real em moeda metálica.
A partir do Real Digital, portanto, será possível realizar o pagamento de boletos, transferências eletrônicas e até mesmo compras internacionais, em um ambiente muito mais prático e veloz.
Quando o Real Digital será lançado?
Calma! Ainda há uma caminhada boa pela frente. Hoje, o Banco Central e o Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT) estão aplicando a fase de testes iniciais do Real Digital entre alguns cidadãos.
Esta etapa tem como objetivo não só testar a funcionalidade, como criar um ambiente de estresse para entender como o Real Digital irá responder e, então, criar soluções melhores para quando a moeda estiver de fato em circulação no país.
Com esse cronograma em andamento, a expectativa é de que o Real Digital seja lançado em 2024. Entretanto, caso problemas mais complexos apareçam no decorrer dos testes, é provável que o Banco Central estenda o prazo de lançamento para, pelo menos, 2025.
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