Os bancos tradicionais estão em uma corrida para fechar as portas de suas agências. Um levantamento do Banco Central do Brasil (BACEN), as instituições financeiras fecharam 16,5% de seus postos de atendimento desde 2018 – um total de 3.591 agências. Parte desse movimento é reflexo da digitalização dos processos bancários, assim como redução de custos e fechamento de locais pouco eficientes aos clientes. Para aumentar, então, a capilaridade de suas atuações em regiões mais distantes, reduzir filas e acelerar a prestação de serviços, os bancos estão apostando bastante no chamado “Correspondente Bancário”, como mostra um relatório da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Nos últimos três anos, os dados mostram que o número dessas agências terceirizadas no país saltou de 118,4 mil para 210,6 mil. Se para clientes o Correspondente Bancário virou sinônimo de agilidade, praticidade e proximidade, os empreendedores deste novo modelo de negócios também estão se deparando com vários benefícios.
O que é um correspondente bancário?
Em termos técnicos, o Banco Central brasileiro descreve o Correspondente Bancário como uma “empresa contratada por instituições financeiras e demais instituições autorizadas pelo Banco Central para a prestação de serviços de atendimento aos clientes e usuários dessas instituições”.
Outra forma de compreender isso é que estabelecimentos comerciais já existentes ou novos podem, a partir de uma parceria com um banco, oferecer serviços financeiros aos clientes do local.
Entre as atividades permitidos pelo BACEN estão:
* Pagamentos e recebimentos de quaisquer contas;
* Abertura de contas e depósitos à vista e a prazo;
* Análise de crédito e coleta de informações;
* Serviços de cobranças;
* Ordens de pagamento;
* Solicitar empréstimos pessoais, empresariais e financiamentos;
* Solicitar cartões de crédito e débito para trabalhadores e aposentados;
* Realizar pagamentos, transferências e recebimentos;
* Aplicar e resgatar em fundos de investimento;
* Realizar operações de câmbio.
A disponibilidade dessas funções em um estabelecimento, porém, vai depender do contrato assinado com a instituição financeira.
É importante destacar que as regras e serviços que um correspondente bancário podem mudar a partir de novas instruções normativas. Uma norma de 2019, por exemplo, regulamentou a metodologia da interação do correspondente com o chamado público INSS. Por isso, fique sempre atento a possíveis mudanças na regulamentação.
Remuneração e autogestão do correspondente bancário
Além de poder realizar uma série de operações financeiras que o estabelecimento não estaria apto e regularizado a oferecer, ser um Correspondente Bancário traz vários benefícios, como a própria remuneração pelos serviços prestados.
Essa remuneração, porém, não pode ser feita a partir de cobrança de taxas ou pagamentos adiantados aos clientes. Ela acontece pelo método de comissionamento por operações realizadas e número de clientes atendidos.
Para ficar mais claro, um correspondente bancário pode ser remunerado por um determinado valor pré-definido em contrato, por cada boleto pago, crédito liberado, abertura de conta e os outros serviços disponíveis naquela “agência”.
A Febraban oferece uma lista com valores máximos de tarifas e comissões bancárias, que podem nortear o empreendedor que deseja se tornar um Correspondente Bancário. Mas, lembrando sempre, que os valores vão depender do acordo realizado entre o Correspondente Bancário e o banco contratante.
A partir deste cenário, a pessoa jurídica à frente do estabelecimento precisará exercer uma autogestão, já que o controle financeiro, número de profissionais contratados, cronograma de horários, propaganda, divulgação e outros quesitos são de responsabilidade do correspondente bancário. Assim, é preciso pôr a ponta do lápis no papel e ter um bom gerenciamento para manter o negócio funcionando.
Alta demanda ao correspondente bancário
Se você chegou até aqui neste artigo, deve ter lido que o número de agências bancárias tradicionais está cada vez menor. Um outro levantamento do Banco Central mostra ainda que 43,4% das cidades brasileiras não contam com qualquer agência bancária disponível.
Essa queda de postos de atendimento ocorre em um momento em que o volume de procura e contratação de empréstimos pessoais subiu quase 20% em 2021, na comparação com o ano anterior. O mercado está tão aquecido, que a Febraban já alterou sua projeção de crescimento de crédito este ano para um aumento de 8,3%. No pagamento de boletos, a própria Federação ainda destacou, em anos anteriores, que a emissão do documento de pagamento girava na casa dos 3,6 bilhões.
Esses dois tópicos já são o suficiente para mostrar que o brasileiro tem uma alta demanda por serviços bancários tradicionais. Entretanto, com o fechamento das agências, essas pessoas precisam recorrer ao Correspondente Bancário para ter acesso a empréstimos, abertura de contas e outras operações. Sendo assim, o Correspondente Bancário ainda tem um enorme espaço para preencher no mercado financeiro dos brasileiros atualmente.
A tendência é que mais agências tradicionais sejam encerradas, mantendo a atuação do Correspondente Bancário cada vez mais importante e fundamental para que clientes continuem tendo um acesso de qualidade a serviços financeiros. Esta, portanto, pode ser uma boa maneira de aumentar o fluxo de clientes de um estabelecimento ou até mesmo empreender em algo relativamente novo, mas com espaço para crescimento.