A popularização do Bitcoin começou lá no underground da internet, em 2010. Dez anos depois, não eram apenas mais cyberpunks ou investidores arrojados que possuir a principal criptomoeda do mundo. Agora, grandes empresas também estão buscando sua fatia do ativo. Desde o final de 2020, o mercado de criptomoeda avançou rapidamente entre as companhias globais, seja como investimento ou reserva. A Tesla, de Elon Musk, embora tenha uma participação polêmica neste mercado, arrecadou uma boa quantia de Bitcoins para seus cofres. A desenvolvedora de software MicroStrategy foi uma das pioneiras ainda a abrir a possibilidade de que outras empresas pudessem investir, por meio de um fundo, em ativos digitais. Eles, hoje, inclusive, possuem 121.044 BTCs em caixa. Com o avanço do interesse institucional, as bolsas de valores tradicionais e as comissões de valores mobiliários locais foram obrigadas a reduzir suas restrições e buscar regulamentações para também oferecer esse tipo de produto aos seus clientes. Com os fundos regulamentos em bolsa (ETF) de Bitcoin sendo discutidos desde 2013, foi só em outubro deste ano que as autoridades aprovaram, nos Estados Unidos e Canadá, os primeiros ETFs na América do Norte, possibilitando uma entrada regulamentada neste mercado por investidores institucionais. Esses passos estão, agora, sendo seguidos por diversas outras operadoras, como a bolsa de Londres, na Inglaterra.
Dificuldades de aprovação
As primeiras tentativas de se emplacar um fundo regulamentado em bolsa surgiu ainda em 2013, com a VanEck e outras empresas. A grande dificuldade encontrada na época e que persiste até hoje é a falta de uma regulamentação clara sobre as criptomoedas em alguns países, neste caso, nos Estados Unidos.
A própria caracterização do que são as moedas e ativos digitais passou por diversas mudanças ao longo dos anos e, mesmo assim, ainda não há um consenso entre os legisladores sobre como categorizar e controlar as operações com criptomoedas.
Essa lentidão impediu que mais fundos regulamentados em bolsa ou até mesmo outras formas de investimentos em moedas digitais surgissem. Para ser que o Bitcoin fosse listado pela primeira vez na bolsa norte-americana, foi preciso quase uma década. E mesmo assim, nada está muito bem definido, com novos pedidos de ETFs sendo negados constantemente.
Bolsa de Londres é o novo player de Bitcoin
Enquanto os ETFs norte-americanos são vinculados basicamente ao Bitcoin, outras empresas estão interessadas em adicionar outras criptomoedas em seu portfólio. A GrayScale e MicroStrategy, por exemplo, possuem suas aplicações também em Ethereum, por exemplo.
A bolsa de Londres, entretanto, quer dar um passo além. A FTSE Russel – subsidiária do London Stock Exchange Group, que é responsável pela manutenção, licenciamento e comercialização de índices do mercado de ações na bolsa no Reino Unido – está desenvolvendo um índice específico para criptomoedas, mais 43 ativos digitais a serem listados.
A seleção das criptomoedas
Com mais de dez mil criptomoedas já criadas em todo o mundo, são necessários uma boa análise e filtros para evitar as famosas shitcoins. Segundo Kristien Mierzwa, head de estratégia para ETFs e desenvolvimento de negócios na FTSE Russell, as 43 moedas digitais selecionadas para o índice tiveram o crivo de uma equipe especializada e “passaram em nosso processo de avaliação”.
Embora as criptomoedas ainda não sejam uma unanimidade entre as autoridades do Reino Unido e em tantos outros países, é inegável que o apetite institucional e a procura por fundos regulamentados é alto. Da mesma maneira, o mundo exige regras sobre o uso das moedas digitais para que possa, de forma mais clara, aproveitar os benefícios dessa nova classe de ativos!