A educação financeira do brasileiro nunca foi a maior virtude por aqui, ainda mais quando elevamos o assunto para investimentos. E em um ambiente onde o controle das contas é suprimido pelo aumento rápido da inflação e altas taxas de juros, são poucas as pessoas que ainda possuem capacidade de aplicar suas economias. Para os que ainda tem, o receio de perder dinheiro é tão grande, que a poupança, com baixíssima rentabilidade, ainda é um dos investimentos favoritos no país. Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a aplicação em poupança representou 36,9% de todo o volume financeiro do varejo, em junho, no fechamento do primeiro semestre deste ano. Mas se no mercado tradicional a poupança está extremamente defasada, no setor de criptomoedas ela tem nome diferente, o HODL, e pode ser, inclusive, muito vantajosa.
Poupança
A aplicação em poupança não tem muito mistério. O correntista do banco simplesmente abre uma conta desse tipo e todos os depósitos realizados nela vão incidir uma pequena porcentagem de ganhos mensais. Geralmente, a instituição financeira utiliza o valor aportado para outras aplicações, seguras, mas com resultados um pouco melhores, e destinam parte desses ganhos para os clientes. Porém, em junho deste ano, a rentabilidade desse “investimento” era de apenas 0,83%.
Bitcoin em poupança?
Ao falar sobre criptomoedas, há muitos aspectos semelhantes ao mercado tradicional. Há os chamados day trades, swing trades, contratos futuros, opções de compra e venda, e várias outras possibilidades. Mas, há também uma espécie de “poupança” cripto. Não, não há um banco que vai oferecer esse serviço, mas, sim, o próprio investidor fará o procedimento, chamado de HODL, que é bastante simples.
O que é HODL?
Na verdade, HODL se refere à palavra em inglês hold – que, neste caso, pode significar segurar ou guardar. Há uns bons anos, em um fórum na internet específico sobre criptomoedas, usuários discutiam sobre as vantagens e desvantagens em se comprar Bitcoin e deixá-lo armazenado por vários anos, esperando sua valorização. Em determinado momento, um usuário, mais exaltado, que defendia o armazenamento do ativo, digitou com seu caps lock ligado – letras maiúsculas – HODL, em vez de HOLD. Isso acabou pegando entre os participantes do mercado de criptomoedas e, hoje, grandes empresas e corretoras utilizam este termo para se referir à compra e acumulação de Bitcoin.
Mas, o HODL vale mesmo à pena?
Para quem acompanha nosso blog ou até mesmo já dedicou um tempinho para ler sobre o Bitcoin, sabe que ele é, frequentemente, chamado de ouro digital. O metal precioso é considerado um ótimo hedge – porto-seguro – para momentos de crise, já que esse ativo é universal e bastante escasso, mantendo, assim, seu valor, mesmo durante turbulências econômicas. Essas mesmas características estão presentes no Bitcoin. Não só ele é comercializado e aceito no mundo todo, inclusive de forma descentralizada, mas também seu código permite a emissão de “apenas” 21 milhões de unidades da criptomoeda, tornando-a também extremamente restrita. Nesta perspectiva, o preço do Bitcoin pode se valorizar cada vez mais, considerando que há ainda cerca de 3 milhões de unidades do ativo a serem disponibilizadas no mercado, enquanto seu preço já chegou aos US$ 67 mil.
O interessante do HODL nesse caso, além de dar ainda mais característica de hedge para a criptomoeda, ela permite que, em um longo prazo, claro, o comprador tenha acesso aos maiores ganhos do ativo, sem muito esforço – apenas tempo -, ao contrário dos mercados de opções e futuros. Em 2010, por exemplo, o Bitcoin foi comercializado pela primeira vez ao público. Na época, o valor da moeda digital girava na casa dos US$ 0,10. Para quem optou por um hodl de mais ou menos 10 anos, viu a criptomoeda saltar para US$ 65 mil. Este é um ganho muito expressivo para uma pessoa que apenas comprou Bitcoin e o deixou guardado na carteira ao longo de alguns anos.
Esse mesmo cenário seria difícil de acontecer em day trades, opções e futuros, pois nesses mercados, as bolsas cobram taxas periódicas para manter sua “posição” aberta ou exigem aportes regulares para garantir a disponibilidade do contrato de compra ou venda. Desta forma, o investidor teria um gasto grande de dinheiro por anos antes de conseguir ter acesso aos ganhos.
Então, como fazer o HODL?
O HODL é talvez a operação mais simples com criptomoedas. Basta se cadastrar em alguma corretora com operações no Brasil, como a 4TBank, e, com Real brasileiro, comprar o volume desejado em Bitcoin. Esse valor, inclusive, pode ser aportado de forma mensal ou anual. Feito isso, é possível manter os Bitcoins na carteira da própria corretora ou transferi-la para uma wallet particular, em que apenas o usuário tenha acesso. Quando achar que a criptomoeda se valorizou o suficiente, basta enviar a criptomoeda de volta à exchange e negociar no mercado.
Há histórias de ganhos incríveis com Bitcoin na modalidade de HODL, principalmente por não exigir um conhecer técnico específico de mercado para as operações. Basta um conhecimento breve e uma conta em uma exchange!