Rendimentos, juros ou dividendos. Para pessoas que realizam qualquer tipo de investimento, essas três palavrinhas significam muito. Afinal, são esses termos que vão sinalizar, geralmente, os ganhos da aplicação. Com a recente alta da taxa básica de juros (SELIC) no Brasil, de 5,25% para 6,25%, endossada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, os rendimentos da tradicional poupança bancária subiram para 0,36% ao mês, e 4,38% ao ano, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Esse é um valor baixo comparado a uma série de outros investimentos disponíveis no mercado, com o mesmo teor de segurança que as instituições bancárias oferecem. Mesmo assim, o retorno ainda é atrativo para algumas pessoas.
Embora os criptoativos não necessariamente operem em um mercado tradicional desse tipo, ainda existem uma série de semelhanças entre os investimentos. Há fundos expressivos, hoje, que oferecem um rendimento interessante para quem realiza um aporte. Mecanismos das operações mais comuns, como alavancagem, também estão presentes neste setor. Mas, para conseguir extrair o melhor desempenho dessas ferramentas, é preciso compreender um pouquinho melhor o que elas são, seus riscos e se batem com o seu perfil. Por isso, separamos três dicas para melhorar seus investimentos em criptoativos.
1- Empréstimos em plataformas DeFi
Para fazer um empréstimo em um banco tradicional, a instituição exige uma série de documentações. O sistema vai precisar analisar o histórico do cliente como pagador, a renda, determinar o limite de crédito disponível e, só então, levar a sua aprovação. Caso seja contemplado, o correntista ainda precisará arcar com juros mensais nas parcelas e também indicar métodos de garantias que permitam pagar a dívida.
Com o advento das finanças descentralizadas (DeFi) de criptoativos, essa possibilidade também existe, em um ambiente bem menos centralizador que um banco tradicional. Fora a oferta da plataforma e algumas normas de operação, a própria comunidade fica responsável por promover liquidez e outros serviços. Entre eles, estão disponíveis os empréstimos. O processo desse produto é bastante semelhante ao do setor bancário e tem sido bastante procurado por quem quer potencializar seus investimentos em criptoativos.
Nesse caso, basicamente, a plataforma vai unir usuários dispostos a emprestar (mutuante), com outros que querem realizar um empréstimo (mutuário). Como forma de segurança, as pessoas que querem emprestar costumam colocar 150% do valor emprestado em criptoativos como garantia da operação, em troca de moeda fiduciária. Além disso, o processo gera uma taxa anual de porcentagem, que garante ganhos a quem está emprestando. Assim que o empréstimo é quitado, a plataforma desbloqueia os criptoativos da garantia e os devolvem ao dono original. Sem intermediários, os DeFis conseguem gerar mais ganhos para os mutuantes e menos burocracia e taxas aos mutuários.
Riscos dos empréstimos em DeFi
O banco nunca empresta dinheiro sem uma garantia aceitável. Não à toa, dar calote em uma instituição financeira tradicional está longe de ser uma boa ideia. Os empréstimos em plataformas DeFi também são assim, já que a garantia pode ser completamente consumida pela plataforma para arcar com a possibilidade do não pagamento da dívida. Mas não apenas a inadimplência pode retirar a garantia de seu dono, como a própria oscilação de preços dos criptoativos. Em uma possível queda de preços, que faria o montante de 150% do valor emprestado se esvair, a plataforma liquida as moedas digitais para devolver o montante ao mutuante.
Por não existir uma regulamentação clara, nem um poder centralizador autoproclamado, a própria comunidade é responsável por gerir suas operações. Ao utilizar criptoativos menos conhecidos e com uma rede de nodes do blockchain pouco estruturada, as possibilidades de um ataque hacker nessas moedas são maiores. Na história, já aconteceu de cyber-criminosos utilizarem ativos roubados como garantia de um contrato de empréstimo.
2 – Alavancagem em cripativos
Em alguns modelos de investimentos tradicionais, as pessoas podem contar com alguns incentivos para potencializar seus ganhos, por meio de um mecanismo chamado alavancagem. No mercado de criptoativos, essa ferramenta já existe em algumas corretoras, principalmente as que operam contratos futuros, como BitMEX, FTX, Deribit, Binance, entre outras.
De forma geral, a alavancagem funciona como um “empréstimo” da plataforma para que o usuário consiga uma exposição maior ao ativo selecionado e potencialize seus ganhos. Imagine que um bitcoin está custando US$ 10 mil, mas o usuário tem apenas US$ 1 mil para seu aporte inicial. A corretora, então, fornece uma alavancagem que pode ir de 2x até 100x do valor. Assim, esses US$ 1 mil podem valer até US$ 100 mil, permitindo a compra de até 10 unidades do criptoativo.
Um tempero de riscos sobre a alavancagem
Assim como acontece no mercado tradicional e nos empréstimos de DeFi, as corretoras de contratos futuros de criptoativos também aplicam juros em cima dos empréstimos. Afinal, a empresa está colocando um “dinheiro próprio” para o usuário e precisa capitalizar em cima disso. Esses juros flutuam segundo o mercado, podendo subir ou descer. Na BitMEX, por exemplo, em um mercado de alta neutro, as chamadas taxas de financiamento são cobradas a cada 8 horas e apontam geralmente em 0,01% do valor da posição. Assim, quanto mais tempo a posição estiver aberta, e a alavancagem alta, maior e mais vezes será cobrada a taxa.
Alavancagem é boa, mas…
A preocupação das corretoras sobre as garantias também é bastante presente. Por isso, é realizado um cálculo, em que a exchange determina um preço de liquidação, utilizando o saldo em carteira do usuário, a quantidade de contratos já em aberto, o nível de alavancagem e o preço atual do ativo. A liquidação da posição ocorre quando os valores oferecidos pelo cliente na operação já não são o suficiente para arcar com mais perdas. Em um exemplo teórico, o mesmo indivíduo que tem US$ 1 mil e alavanca sua compra em 100x, talvez consiga assegurar uma descida de apenas US$ 100 no valor total do bitcoin. Assim, o ativo batendo os US$ 9,900 já seria o suficiente para a corretora tomar o saldo da posição e garantir o retorno de seu empréstimo. Mas, alavancagens menores também levam a preços de liquidações mais baixos. Por isso, essa ferramenta é, sim, bastante interessante e rentável, se utilizada da forma correta e com cautela.
3 – Staking de criptoativos
As criptomoedas dependem dos nodes de seu blockchain para manter não apenas a segurança da rede, mas o próprio funcionamento. Esses operadores, como já comentado em outros textos aqui do Blog, utilizam seus computadores para realizar a verificação das transações com a moeda digital dentro do blockchain. No caso do Bitcoin, o algoritmo de consenso é o Proof of Work (PoW), que exige uma série de cálculos matemáticos para a validação das informações. Mas há também o Proof of Stakes (PoS), para o qual o Ethereum está migrando suas operações.
Nesse último caso, os nodes não precisam mais ter supercomputadores para a tarefa, mas, sim, stakes do criptoativo nativo. Isso vai permitir que o usuário “aposte” criptomoedas, afirmando que sua análise está correta e receba uma recompensa na mesma moeda pelo acerto. O mesmo vale para a votação de atualizações e segurança do blockchain. Como as validações de blocos são constantes, o ganho regular de juros se tornou atrativo para muitos investidores que não querem se preocupar com aspectos técnicos complexos.
Mas, há seus riscos
Se nas opções anteriores, o risco de calote era iminente, exigindo uma série de garantias para o pagamento da dívida, no staking esse risco é zero, já que ninguém está emprestando dinheiro de alguma instituição, que exige valores ou margens para suportar possíveis perdas. Pelo contrário, o ambiente é totalmente livre desse tipo de interferência.
Porém, a desvalorização dos criptoativos é um grande problema para quem realiza staking. Um Ethereum pode valer, por exemplo, US$ 3 mil, enquanto você realiza um acúmulo constante e satisfatório. Porém, se a criptomoeda perder preço e for estimada em US$ 2,5 mil, suas moedas também vão desvalorizar, pois a recompensa do staking é realizada no próprio Ethereum e não em moeda fiduciária.
Os detalhes de cada mercado podem pegar investidores desprevenidos de surpresa. Por isso, o estudo em cada uma das funcionalidades é fundamental para evitar prejuízos. Os riscos estão sempre presentes em qualquer operação monetária a ser realizada. Entretanto, se souber usar os mecanismos a seu favor, essas dicas podem ajudar a potencializar seus ganhos com criptoativos.