A educação não só é um dos pilares para o desenvolvimento social e profissional de uma pessoa, mas também uma ferramenta extremamente útil que ajuda na preparação para enfrentar alguns desafios diários. Uma pesquisa IBOPE recente, por exemplo, mostrou que apenas 21% dos brasileiros receberam educação financeira até os 12 anos de idade. Deste, 45% não compartilham ou passam poucas informações sobre o orçamento da casa para seus filhos. Assim, se as contas do cotidiano já podem ser uma dor de cabeça para a maioria das pessoas, investimentos ficam ainda mais difíceis. Um levantamento do Reclama Aqui apontou que 71,8% dos entrevistados não tinham o costume de investir seu dinheiro. Do total, 17,1% apontaram a falta de conhecimento como o principal motivo para a inatividade neste setor.
Quando avançamos o assunto para as criptomoedas, a situação é ainda mais clara. Embora 30% dos brasileiros já utilizem moedas digitais, de acordo com uma pesquisa da gigante de pagamentos VISA, a falta de educação sobre essa classe de ativos é o que mais afasta possíveis investidores. A Digimentality destacou que 51% dos entrevistados não compram criptomoedas por não terem conhecimento o suficiente para tal ação. A CryptoLiberty identificou, por meio de um questionário global, que 98% dos participantes erraram questões básicas sobre o tema. No Brasil, a taxa de erro foi de 99%. O número, inclusive, abrange pessoas que já possuem criptomoedas em seu portfólio.
Em meio a este complexo problema educacional vivido pelo mundo, o conhecimento é, então, a principal ferramenta para reverter o jogo. A Técnica de Feynman, então, pode ser a resposta do problema e levar uma metodologia simples e eficiente para ensinar as pessoas sobre criptomoedas.
Quem é o autor da Técnica de Feynman?
A Técnica de Feynman é um método de aprendizagem fundamental e, claro, leva o nome de seu autor, Richard Feynman. Embora possa parecer um educador, Feynman foi, na verdade, um físico teórico norte-americano. Seu trabalho inovador em eletrodinâmica quântica deu a ele o Prêmio Nobel de 1965.
Além de sua tese, Richard Feynman se destacou pela sua inteligência e habilidade de transmitir seu conhecimento e ideias extremamente complexas de maneira simplificada e digerível. Ele era um grande crítico de “jargões”, pois, segundo ele, essas frases de efeito mascaravam a falta de compreensão profunda sobre determinado tema.
Em que consiste a Técnica de Feynman?
Aprender por meio da Técnica de Feynman é priorizar a simplicidade e a profundidade de compreensão sobre um assunto. Essa estrutura de aprendizagem se divide em quatro etapas principais:
- Preparar o terreno (Set the Stage)
- ELI5 (Explain It To Me Like I’m 5 – Explique para mim como se eu tivesse 5 anos de idade, em tradução livre)
- Avaliar e estudar (Assess & Study)
- Organizar, transmitir e revisar (Organize, Convey & Review).
Passo a passo da Técnica de Feynman
1 – Preparando o terreno
Em uma folha de papel, anote, no topo, o assunto que você deseja aprender. Se gostaria de saber mais sobre criptomoedas, escreva esse nome. A partir daí, liste, por meio de tópicos ou parágrafos, tudo o que você já sabe sobre o assunto.
Com tudo descrito no papel, a Técnica de Feynman aponta que é a hora de pesquisar sobre cada tópico em separado, acumulando cada vez mais conhecimento, em cima do que você já sabe sobre o tema. Adicione tudo o que julgar importante à folha.
2 – ELI5
Este é um dos passos mais importantes da Técnica de Feynman para avaliar o nível de conhecimento que você possui. Sob posse dos conhecimentos antigos e novos, é hora de pegar uma nova folha e escrever da forma mais simples possível sobre o tema, imaginando que sua leitora será uma criança de 5 anos de idade.
Para melhorar a experiência, você pode convidar algum parente ou conhecido desta faixa etária para ler ou ouvir o que está escrito e observar se sua compreensão será plena ou não.
3 – Avaliar e Estudar
A Técnica de Feynman não é uma prova avaliativa. Então, ser sincero com você mesmo é o melhor a se fazer neste momento. Reflita sobre seu desempenho e se autoavalie sobre o conhecimento adquirido. Se pergunte:
1) Fui capaz de explicar o assunto para uma criança de 5 anos?
2) Qual ponto tive mais dificuldade e me deixou frustrado?
3) Em qual momento precisei recorrer a jargões para explicar o tema?
Com a resposta desses três tópicos, fica mais fácil identificar quais lacunas ainda existem na sua compreensão do assunto escolhido. Anote esses pontos e foque a energia para estudar cada um deles até que seja possível explicá-los novamente a uma criança de 5 anos de idade.
4 – Organizar, transmitir e revisar
Na última etapa da Técnica de Feynman, chegou o momento de organizar todas as ideias e conhecimentos obtidos em uma história atrativa ou narrativa em parágrafos. Feito isso, transmita esse trabalho para outras pessoas e avalie a maneira como elas recebem esta informação. Identifique os pontos de maior dificuldade na compreensão e se observe no uso de jargões.
Com isso, refina sua explicação, preenchendo possíveis novas lacunas que o tema apresente no decorrer do tempo, repetindo o processo com frequência. Isso vai levar a melhora da transmissão, profundidade do conhecimento e atualização de novos conceitos sobre o tema.