Em qualquer lugar do mundo ou atividade, é quase impossível imaginar alguma situação que não exija um agente centralizador para a validação das ações. Se você quiser depositar o dinheiro na sua conta bancária, por exemplo, é necessário que a própria instituição confirme as informações e o valor para garantir o saldo em dinheiro. Para um casamento, o funcionário do cartório é fundamental no registro e na certificação dos envolvidos. Até mesmo a cervejinha no bar passa pelo garçom e, pelo menos, um sistema eletrônico central que vai computar o pagamento com o cartão de crédito. Cada um deles é remunerado para isso. Em um aspecto geral, todos esses cenários levam a uma centralização das informações e a necessidade de um agente mediador, que pode, em tese, não só fazer o que quiser com esses dados, mas, inclusive, apresentar falhas consideráveis nos processos, dos mais simples aos extremamente complexos e sensíveis. No caso de algumas criptomoedas, como o Bitcoin, a validação dessas atividades se chama mineração.
O que é a mineração?
O Bitcoin é a primeira criptomoeda registrada no mundo, com a função principal de transferir valores monetários. E assim como acontece no sistema bancário tradicional, seu blockchain faz às vezes de caixa e é responsável por registrar, validar e executar cada transação com a moeda digital entre os milhões de usuários. Porém, ao contrário da instituição financeira, em que há um funcionário contando nota por nota ou analisando dados no computador, o Bitcoin conta com “nodes” automatizados para isso.
Também conhecidos como nós, esses nodes são computadores que emprestam seu poder de processamento de dados para realizar uma série de cálculos matemáticos complexos, que garantem uma validação automática, precisa, criptografada e incorruptível de todas as transações feitas com o Bitcoin. Como recompensa, são “criadas” novas moedas. E essa geração de Bitcoin a partir da tarefa, chamada mineração, não é nem um pouco barata. Há um extenso consumo de energia elétrica e até mesmo de hardware para que isso aconteça.
No caso do Bitcoin, seu blockchain descentralizado permite que qualquer pessoa no mundo possa instalar o software da criptomoeda e se tornar um operador. Porém, apenas o primeiro computador a encontrar o resultado da equação ganha o direito de registrar a informação no bloco. Por conta dessa dificuldade e a exigência de um bom desempenho das máquinas, o minerador é recompensado por todo esse trabalho e custo com a moeda nativa daquele blockchain. Para os mineradores de Bitcoin, a mineração, hoje, remunera o minerador com 6,25 Bitcoins por bloco. Essa quantia tende a ser reduzida pela metade, em períodos de quatro anos, em um processo chamado halving.
Onde começou e como funciona a mineração?
As tecnologias estão cada vez mais apuradas e, consequentemente, complexas. Quando falamos em blockchain, a situação é ainda mais delicada, pois, esta, não só é uma ferramenta recente na história do mundo, mas também com possibilidades infinitas. Porém, assim como outras plataformas, ela também gira em torno de termos de programação de computadores.
Para analisar e validar as transações do Bitcoin, por exemplo (há outras criptomoedas que seguem o mesmo modelo de atuação), os computadores precisam passar por um algoritmo de consenso. Esse consenso, na linguagem de programação, nada mais é do que garantir que uma mensagem tenha o aval da maioria dos envolvidos. Um professor, pode, corretamente, ensinar a seus alunos que 2 + 2 é igual a 4. Conforme mais professores replicam essa informação e atestam como verdadeira, há um consenso entre os educadores de que a conta está correta.
No caso da mineração de Bitcoin, esse algoritmo de consenso tem o nome de “Proof of Work” (PoW). Como já citado anteriormente, essas máquinas realizam uma série de cálculos matemáticos complexos, como um trabalho. E outros nós da rede, fazem a contraprova, o que garante esse trabalho e sua respectiva recompensa ao primeiro minerador.
Há blockchains que utilizam métodos diferentes de validação, que não são a mineração, já que a recompensa não vem da criação de novas moedas, mas, sim, de moedas já existentes em circulação na rede. O Ethereum, por exemplo, está prestes a mudar seu algoritmo de consenso de Proof of Work para Proof of Stakes (PoS). Isso quer dizer que não serão mais necessários computadores com alto poder de processamento para confirmar as transações. O que vai garantir a veracidade das informações é o quanto um validador vai “apostar” na análise feita. Caso correta, ele receberá uma quantia determinada dos outros participantes da rede. Se estiver errada, o montante aportado será dividido entre os nodes em operação.
Vale a pena minerar Bitcoins?
A mineração caminha na linha tênue que abrange o simples e o complexo, o rentável e prejuízo. Muitas pessoas se animaram com a possibilidade de colocar seus computadores para minerar Bitcoins e conseguir algumas boas unidades do ativo. Porém, a concorrência gerada por esse tipo de validação é muito alta e, hoje, os computadores responsáveis por esse tipo de tarefa e o alto consumo de energia elétrica praticamente invalida a possibilidade de que meros computadores caseiros dariam conta.
Mesmo assim, a dificuldade e complexidade apresentada no conceito confirma o quanto a tecnologia blockchain é robusta. Os mineradores têm um papel fundamental na garantia de que a rede é funcional, saudável e segura. Não à toa, não há histórico de invasão ou mudança no Bitcoin, considerando a força de sua rede de nodes.
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