A saga cinematográfica Matrix ganhou seu quarto filme no final do ano passado – uma boa produção, diga-se de passagem. A história, em um grande resumo, coloca uma divisão entre o que seria o mundo real e a Matrix, um universo virtual, em que as pessoas moram, comem, trabalham, se divertem, e vivem uma vida “normal”. Lançado em maio de 1999, o filme trouxe reflexões bastante interessantes e a perspectiva de uma vivência totalmente digital. Praticamente 23 anos depois, estamos aqui, falando de criptomoedas, NFTs e, principalmente o Metaverso. Este último não só já movimentou bilhões de dólares ao redor do mundo, mas pode ser o responsável por criar a Matrix fora dos filmes. Será que é verdade?
O que é o Metaverso?
No filme, os personagens retirados do mundo virtual da Matrix passam a conviver entre si em um futuro apocalíptico, em que as máquinas governam tudo e pouco resta para os humanos. Dentro da virtualidade, porém, é retratada a vida como conhecemos, com restaurantes, bares, escritórios, prefeituras, polícias, romances, e por aí vai.
Embora seja apenas uma produção cinematográfica, podemos dizer que, desde o início da pandemia do novo coronavírus, de certa forma, vivenciamos um pouquinho dessa Matrix. Afinal, o isolamento social para impedir a proliferação do vírus, impediu que fôssemos a bares, restaures e até mesmo para alguns empregos. Para matar o tédio ou até mesmo conseguir se relacionar com as pessoas, as videochamadas online e até as lives musicais simulando shows foram um grande alívio nos primeiros meses.
O Metaverso, então, chega justamente para tornar essa Matrix algo mais “real”, se é que isso é possível ser dito, criando uma espécie de realidade paralela e imersiva. Basicamente, a ideia é levar o mundo real ao mundo virtual. Criar o que temos no dia a dia, como casas, lojas, restaurantes, estádios, palcos e escritórios, em um ambiente totalmente digital. Imagine, por exemplo, que você está em casa, trabalhando via home office, e fez uma reunião de trabalho no Zoom. Ao sair da chamada, seria possível ir até a “copa virtual” do escritório – também digital – e encontrar seus colegas para um cafezinho. Tudo isso, graças ao Metaverso.
Como funciona um Metaverso?
Quando lançado em 2010 ao público, o Bitcoin tinha a proposta de ser uma moeda universal, deflacionária e descentralizada. Seu criador, Satoshi Nakamoto, mal sabia que a invenção levaria não só ao desenvolvimento de milhares de outras criptomoedas, mas também aos tokens não fungíveis (NFTs) e, principalmente, à expansão do blockchain em serviços e produtos diversos.
Essa tecnologia, inclusiva, é que viabiliza a construção dos Metaversos. Graças a essa enorme “cadeia de blocos”, transações de informações e até mesmo financeiras se tornam possíveis no ambiente digital. No caso do Metaverso, então, um usuário teria acesso a um universo provavelmente descentralizado – indo em direção à chamada Web3 –, possibilitando, com contratos de exclusividade e posse, a compra de um terreno, uma casa, carro, experiências ou até roupas para vestir seu avatar digital.
O Metaverso já existe!
A Matrix está cada vez mais real. E, embora suas posses e vivências sejam digitais, há um mercado tradicional ainda bastante presente e, acredite, bem valioso por trás do Metaverso.
Para se ter uma ideia, a comercialização de itens no mundo virtual já é bastante considerável. Um iate de luxo, no valor de R$ 3,6 milhões, foi comprado recentemente. O veículo marítimo só existe no metaverso, mas conta com deck duplo para a realização de shows – sim, esse espaço pode ser alugado – cabine para DJ, dois helipontos, banheira de hidromassagem e outros “agradinhos”. Terrenos dentro do Metaverso somaram, até o final de 2021, mais de US$ 106 milhões. Enquanto isso, um cassino, também disponível apenas no Metaverso, já faturou mais de R$ 40 milhões, em apenas três meses.
Futuro do Metaverso
Assim como a própria internet, é muito difícil dizer até onde o Metaverso pode chegar. O que sabemos, é que grandes empresas estão louquinhas para participar dessa novidade. O Facebook, agora Meta, aposta bastante nesse mercado. A fabricante de roupas esportivas, Adidas, também está criando seu próprio Metaverso para comercializar peças exclusivas no mundo virtual.
A Bloomberg Intelligence acredita que o mercado do Metaverso deve chegar próximo dos R$ 4,5 trilhões, em 2024, com grande apoio de jogos e eventos realizados no mundo virtual. A desenvolvedora e gestora de um fundo regulamentado de Bitcoin, GrayScale, é ainda mais agressiva na previsão, afirmando que esta área pode chegar a faturar R$ 5,5 trilhões por ano.
“O metaverso é um universo digital que vai além da internet que conhecemos hoje. Essa visão para o estado futuro da web tem o potencial de transformar nossas interações sociais, negociações comerciais e a economia da Internet em geral”, comentou a GrayScale em um relatório divulgado em novembro de 2021.
E aí, você escolhe a pílula vermelha ou azul nesta viagem?