Embora o Brasil esteja longe de ser uma referência em educação financeira, nos últimos anos, o brasileiro passou a pegar gosto por produtos diversificados de investimentos. Um levantamento da B3, responsável pela bolsa de valores brasileira, apontou que o número de novos investidores na plataforma cresceu 15% entre julho de 2021 e junho deste ano.
Esse crescimento mostra que as pessoas estão com apetite ao risco um pouco maior, já que o cenário atual de juros elevados costuma atrair investidores para a renda fixa, não para a variável. Fato é que o brasileiro está partindo para uma busca de ativos mais voláteis, e seja nas ações tradicionais ou mercado de criptomoedas, o mote é aproveitar a variação de preços para potencializar os ganhos.
O que é volatilidade?
O portal Exame.com, em maio deste ano, encomendou uma pesquisa para identificar quais eram as ações com maior volatilidade na bolsa de valores brasileira. O levantamento descobriu que as empresas de tecnologias eram as que mais sofriam os impactos da variação de preços, chegando a históricos 88%. Esses números podem parecer – e até são – assustadores. Imaginar que uma ação pode subir ou perder 88% de seu valor é algo bastante expressivo.
Porém, é a partir desta “volatilidade” que os investidores esperam lucrar. Volatilidade funciona como um medidor de variação do preço de um ativo, em um determinado período de tempo. Ele compõe a velocidade, intensidade e frequência com que o preço de uma ação ou criptomoeda, por exemplo, se movimenta para cima ou para baixo.
Por que a volatilidade é tão importante?
Hoje, você facilmente se depara com ativos mais ou menos voláteis. Ações da Petrobras, por exemplo, são papéis considerados com baixa variação de preços. Assim, se o risco é menor, os ganhos acabam também sendo menos expressivos. Já empresas de tecnologia, como comentado anteriormente, podem apresentar riscos maiores de perdas, mas também de ganhos, já que o setor onde atuam é mais competitivo e volátil.
Sem volatilidade, os ativos acabam se tornando pouco atrativos. Imagine uma ação que sobe e desce apenas R$ 0,01. O estímulo para que o investidor queira aplicar seu dinheiro neste tipo de papel é muito fraco, já que há poucas possibilidades de ganhos por aqui. Este é, inclusive, um dos grandes problemas da poupança. Embora recentemente a principal fonte de investimento do brasileiro até tenha melhorado um pouquinho, com a elevação da taxa básica de juros (SELIC), o retorno mensal da poupança é de 0,5% + taxa referencial, considerado bastante baixo. Existem produtos, hoje, tão seguros quanto e com retornos bem mais interessantes, apontam analistas.
Mas dentro dessa briga de equilíbrio entre ações e volatilidade, o Mercado de Criptomoedas consegue um destaque quando falamos sobre variação de preços.
Volatilidade no mercado de criptomoedas
Se a volatilidade de 88% em ações de tecnologia até meados deste ano era algo inédito na bolsa de valores brasileira, uma variação próxima disso no mercado de criptomoedas é relativamente comum. Ao pegarmos o Bitcoin, a primeira criptomoeda do mundo, como exemplo, oscilações bruscas desse tipo estão bastante presentes em sua perspectiva histórica.
Para se ter uma ideia, as criptomoedas podem facilmente perder ou ganhar 10% ou 20% de valor em poucos minutos ou horas. Quando lançada, em 2008, um Bitcoin era vendido a centavos de dólar. Três anos depois, seu ganho acumulado foi de 30.000%. Em 2020, o preço de uma única unidade da moeda digital atingiu os US$ 20 mil. Em novembro de 2021, um novo topo histórico buscou os US$ 69 mil. Algumas semanas depois, o ativo recuou e, hoje, mira a casa dos US$ 20 mil.
Essa volatilidade de preços é bastante atraente para investidores arrojados, já que a possibilidade de ganhos expressivos pode vir a compensar o risco de perdas tão grandes quanto. Tudo depende do perfil de quem vai participar do mercado de criptomoedas.
De onde vem essa volatilidade no mercado de criptomoedas?
Investir é simples, mas exige certo estudo. Hoje, é fácil observar algumas empresas consolidadas e apostar em seu bom desempenho para o futuro. Grandes bancos, por exemplo, são quase sempre um tiro certeiro, já que sua estrutura dificulta muito ações extremamente negativas que possam impactar em seu valor de mercado.
Mercado ainda muito jovem
No caso das criptomoedas, o mercado acaba se tornando mais volátil por ser algo bastante novo. Assim como as big techs atuam em uma área em expansão e crescimento, as moedas digitais também estão se consolidando entre o grande público. Isso quer dizer que há pouca previsibilidade e muita desconfiança e estranheza em relação às criptomoedas. Essa insegurança leva a movimentos mais bruscos de preços, já que as pessoas podem querer vender rapidamente suas posições para evitar prejuízos maiores ou por acharem que o lucro necessário já foi alcançado.
Mídia
Embora as ações tradicionais também sejam impactadas pelo noticiário, as criptomoedas acabam por sentir esses efeitos um pouco mais na pele, já que a insegurança ainda é um tema frequente entre os investidores. Para tentar acalmar suas angústias, muitas pessoas acabam por se informar em portais de notícias pouco especializados ou digital influencers, que nem sempre estão preocupados em educar seus seguidores, mas, sim, criar conteúdos. Com isso, o investidor acaba se afastando dos aspectos e aprendizados técnicos do mercado, dando o poder de decisão por suas ações a terceiros.
Por conta dessa fragilidade na mídia, os boatos também se tornam mais frequentes e basta um único tweet para que as pessoas façam grandes movimentações no mercado de criptomoedas.
Baleias
Pelas criptomoedas serem parte de um mercado ainda bastante novo e pouco conhecido, entusiastas iniciais e pessoas com grande poder financeiro acabaram por dominar boa parte das moedas disponíveis para compra. Assim, a volatilidade, muitas vezes, fica à deriva de movimentações desse pequeno grupo de pessoas, conhecido como baleias. Até que mais pessoas façam parte do mercado de criptomoedas, a variação de preços tende a se manter desequilibrada.
Lucros e prejuízos rápidos
Como comentado mais cedo aqui, o Bitcoin e outras criptomoedas facilmente ganham 10% ou 20% em poucos minutos ou horas. Um retorno desse tipo e nessa velocidade, se não for impossível no mercado tradicional, é extremamente raro. Assim, esse tipo de ganho já é considerado uma baita vitória pela grande maioria dos investidores, que acabam vendendo suas posições e, assim, criando obstáculos para novos avanços. Quedas expressivas também levam os investidores a encerram suas participações mais rápidas do que o esperado, por medo de continuarem a perder dinheiro, antes de uma possível recuperação. Essas movimentações intensas e rápidas acabam por facilitar a volatilidade dentro do mercado de criptomoedas.
Mercado ininterrupto
Ao contrário das bolsas de valores, que abrem e fecham em determinado horário, o mercado de criptomoedas não para. São 24 horas por dia, sete dias por semana, no mundo inteiro. Sem feriados ou finais de semana. Assim, enquanto investidores norte-americanos dormem, uma notícia econômica na China, por exemplo, pode movimentar bastante o preço de alguma moeda digital. Apenas na manhã seguinte a repercussão disso será analisada e respondida pelo outro lado do planeta, criando uma cadeia de eventos bastante intensa para o aumento da volatilidade no mercado de criptomoedas.
Esses são alguns dos elementos responsáveis pela volatilidade do mercado de criptomoedas. Embora possa parecer assustador e levar a perdas, é justamente a variação de preços que torna essa uma classe de ativos bastante atraente hoje. Por isso, antes de qualquer aventura, o estudo do funcionamento do ativo e de seu respectivo mercado é fundamental para evitar surpresas ou frustrações.
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