Seja por conta dos filmes de cinema ou até mesmo a falta de instrução sobre o assunto no país, o brasileiro demonstra ainda ter bastante receio com investimentos, principalmente quando se fala em diversificação. Uma pesquisa da Associação Nacional das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) destacou que, em 2020, 29% das pessoas no país colocavam suas reversas na poupança – equivalente a 30 milhões de brasileiros das classes A, B e C –, mantendo a caderneta ainda como a favorita da população.
Ainda no último ano, o número de contas abertas para esse fim aumentou em 50%, em comparação com 2018, período da última coleta de dados. Com isso, o volume chegou a 237 milhões de “poupanceiros”. O problema é que esse tipo de investimento, embora seguro, está rendendo menos da metade do que outras aplicações de renda fixa neste ano. Mesmo com a taxa básica de juros, a SELIC, subindo para quase 10%, os retornos da poupança chegam perto de 0,5% ao mês, mais uma Taxa Referencial – que está praticamente zerada.
Assim, a poupança rende cerca de 70% da SELIC. Esse retorno baixo, entretanto, está abrindo os olhos do brasileiro que estão buscando novas oportunidades para investir, além da poupança. Seja em renda fixa, variável, ações, títulos do tesouro ou até criptomoedas, é fundamental, nesta etapa, que a pessoa crie uma Carteira de Investimentos.
O que é uma Carteira de Investimentos?
Em um mundo ideal, o controle financeiro das pessoas deve ser muito bem descrito, seja em aplicativos, planilhas no computador ou até mesmo marcações em papel. Afinal, saber quais são os gastos fixos e para onde o dinheiro está indo é muito importante para ter uma vida econômica saudável.
No caso dos investimentos, a lógica é a mesma. E é aí que entra a Carteira de Investimentos. Nela, são registradas as aplicações realizadas ou os ativos mantidos. Desta forma, a pessoa pode olhar quanto foi e será aportado em um título do tesouro direto com vencimento para 2026, quanto está alocado em letras de crédito imobiliário (LCI), ou até unidades de Bitcoin.
Além do controle, o que muda ter uma Carteira de Investimentos?
Embora o retorno seja baixo, a poupança não é uma grande vilã. Afinal, ela proporciona uma rentabilidade mínima, em um ambiente seguro e de liquidez rápida, ou seja, o valor está disponível facilmente para o correntista. Porém, manter 100% de suas economias nela que pode não ser a melhor ideia.
A Carteira de Investimentos, neste caso, auxilia na visualização clara de quanto valor está disponível para aplicações e quais são os produtos que já estão contemplados. Assim, esses 100% na poupança podem ser reduzidos para uma porcentagem menor e, por exemplo, 10% ser destinado a um título de renda fixa, outros 10% para títulos IPCA, 5% em Bitcoin, 5% em ações de alguma empresa e assim por diante. Essa visualização, dentro da Carteira de Investimentos, é que vai determinar onde e como as economias serão alocadas. Basicamente, a velha história de “não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta” se resolve com a Carteira de Investimentos.
Como montar uma Carteira de Investimentos?
Antes de sair atirando para tudo quanto é lado, é importantíssimo parar, pensar e analisar o cenário de vida e financeiro atual, objetivos, tempo de conquista e o risco disposto a ser enfrentado. Com passos pequenos e lineares, é possível criar uma boa Carteira de Investimentos!
1 – Traçar perfil de investidor
Esse tópico já foi abordado aqui em nosso Blog em outros momentos. Basicamente, o perfil de investidor vai descrever minimamente os gostos e expectativas de uma pessoa, assim como sua tolerância a riscos. Conservadores vão receber indicações de aplicações menos voláteis, porém, com ganhos menores. Investidores arrojados podem se deparar com ativos de maior oscilação, mas também entrar em contato com ganhos – ou perdas – maiores.
Traçar o perfil de investidor é importante, pois evitar que a pessoa se surpreenda no meio do caminho com alguma variável ou movimentação do mercado. Um dos exercícios é considerar qual seria a própria reação ao observar os imprevistos operantes nas ações e títulos. Isso vai reduzir qualquer atitude precipitada, assim como as chances de prováveis prejuízos.
2 – Definir objetivos
É bastante comum alguém perguntar se vale à pena investir em títulos do tesouro ou ação na bolsa de valores. Embora ambas tenham a função de gerar rentabilidade, essas duas opções têm finalidades diferentes. No caso dos títulos, o prazo de resgate é maior, de pelo menos um ano. Enquanto as ações podem ser comercializadas até mesmo dentro do mesmo dia após a compra. Desta forma, um traz um resultado rápido, e o outro mais lento.
A depender dos objetivos traçados, como se preparar para aposentadoria, comprar uma casa daqui cinco anos ou um carro até os próximos 12 meses, os investimentos serão alocados de forma mais precisa. Isso, entretanto, não precisa ser inflexível. Por meio da Carteira de Investimentos, é possível abranger opções com diversos tipos de vencimentos, atendendo diversas demandas do investidor no decorrer de sua vida, variando entre curto, médio e longo prazos.
3 – Reserva de emergência e previdência
A situação econômica do país não é das melhores, e o mundo também não está muito bem das pernas recentemente, ainda mais após a chegada da variante ômicron do novo coronavírus. Por isso, cautela é a palavra-chave quando se pensa em investimento.
Com ajuda da Carteira de Investimentos, é possível destinar não só montantes para aplicações de curto, médio e longo prazos ou mais ou menos voláteis, mas também para uma reserva de emergência. Essa reserva costuma abranger um volume equivalente a de três a 12 meses de gastos fixos, justamente para dar um suporte caso uma saída de emprego, doença ou qualquer outra situação que mude o cenário financeiro.
Da mesma forma, uma aposentadoria saudável também dará a tranquilidade que muitos brasileiros almejam após décadas de muito trabalho. Com o governo aumentando o prazo para validar os aposentados e salários cada vez mais deslocados da inflação, um plano de previdência pode ser bem-vindo. Esse tipo de aplicação é interessante, pois exige um aporte constante e automático, garantindo que o investimento sempre será feito. Por outro lado, esse serviço, claro, gera um custo de administração que o investidor, sozinho, não teria.
4 – Estratégias e ativos
Com todos os elementos anteriores muito bem pensados e definidos, é hora de escolher os produtos que receberão a atenção. Títulos de renda fixa e do Tesouro Direto são interessantes para quem não gosta de volatilidade e está disposto a deixar o dinheiro parado por algum tempo. Já retornos de renda variável são imprevisíveis e podem vir muito acima do ofertado pelos produtos fixos, assim como bem abaixo.
Uma vez delimitado e escolhido os fundos, o trabalho de gestão continua, desde a manutenção da Carteira de Investimentos ativa, até mesmo sua modificação, conforme novas necessidades ou situações que a vida aponta para o investidor.
A chega do novo ano se torna um momento bastante propício para dar uma repaginada na vida financeira, não é mesmo?