Enquanto o mundo ainda tentava se recuperar economicamente dos impactos da crise financeira causada pela pandemia do coronavírus, as tensões entre Rússia e Ucrânia levaram a um conflito que se iniciou em 28 de fevereiro e perdura até hoje, elevando ainda mais as preocupações com a estabilidade econômica dos países e da cadeia de suprimentos e de energia. Em meio ao caos instalado na Europa, a compra de bitcoin por russos e ucranianos disparou no período, sendo necessário que o Banco Central da Ucrânia agisse, por meio da lei marcial do país, limitando o valor de compra de bitcoin pelos seus cidadãos.
Conflito entre Rússia e Ucrânia
Para os que não estão por dentro dos acontecimentos, a Rússia enviou tropas para invadir a Ucrânia, em 28 de fevereiro de 2022. Segundo os representantes do Kremlin, a intenção do governo ucraniano em aderir à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que tem os Estados Unidos como liderança militar, levava insegurança ao país, já bastante cercado por outras nações participantes da aliança.
Antes da invasão, o exército russo já fazia o que eles chamavam de exercícios técnicos e táticos militares na fronteira com a Ucrânia. Dias depois, a invasão foi consolidada, e os conflitos se mantêm até hoje, sem uma definição clara de quando a guerra irá acabar.
Impactos econômicos da guerra na Ucrânia levaram à compra de bitcoin
Com receio de entrar na guerra efetivamente e causar uma possível terceira guerra mundial ou uma troca nuclear, os países da OTAN, principalmente os Estados Unidos, passaram a enviar ajudas financeiras e armamentistas aos ucranianos para segurar o ataque russo.
Além disso, a União Europeia e o governo norte-americano lançaram várias sanções econômicas e diplomáticas sobre os russos. O grande ponto de ataque foi o petróleo e gás, fartos e amplamente comercializados na Europa pelo Kremlin. Este é um ponto sensível já que vários países ao redor da Rússia dependem majoritariamente da energia russa para aquecer suas casas e gerar energia às indústrias.
Fato é que as sanções levaram impactos severos à economia russa, com a moeda local, o rublo, despencando mais de 50%, em poucos dias. As bolsas de valores também ficaram fechadas, enquanto empresas abandonaram o país. Como saída, os russos e ucranianos aumentaram consideravelmente a compra de bitcoin.
Compra de bitcoin foi a saída para russos e ucranianos
Idealizado em 2008, pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto, o bitcoin tinha como objetivo ser uma moeda de segurança para momentos de crise, como a que aconteceu nos Estados Unidos, com os papéis imobiliários podres. Entretanto, desde seu lançamento nas corretoras, em 2010, esta é a primeira vez que a criptomoeda está sendo utilizada em um contexto de guerra.
Segundo dados da CoinShares, parece que Nakamoto acertou em cheio em sua perspectiva de segurança. Desde o início da guerra, os russos elevaram em 231% a compra de bitcoin, enquanto os ucranianos 107%, no período. Em termos macroeconômicos, esse movimento enfraquece a já abalada moeda fiduciária local, tanto na Rússia, quanto na Ucrânia.
Banco Central restringe a Compra de Bitcoin
Para tempos de guerra, os países contam com a chamada Lei Marcial. Em resumo, o ato implementa uma norma que substitui as autoridades e legislação em vigência, por leis e regras militares. Este artifício é acionado quando, em momentos de crise, como uma guerra, é preciso reorganizar os setores da sociedade e priorizar a defesa de suas fronteiras.
Embora o país tenha recebido pelos menos US$ 100 milhões em doações por criptomoedas, o Banco Central do país emitiu um decreto em que limita o volume de compra de bitcoin pelos seus cidadãos, a fim de evitar que a moeda ucraniana se torne ainda mais frágil e “evitar a saída improdutiva de capital do país”. Segundo a nova regra, apenas 100 mil hryvnias ucranianos (cerca de US$ 3,4 mil) por mês podem ser destinados à compra de bitcoin. Em março, a Ucrânia já havia legalizado formalmente as criptomoedas no país. O texto determina o status legal, classificação, propriedade e reguladores de ativos virtuais, que serão regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários e Mercado de Ações.